Produção Interna
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CÂMERA-FACA – O CINEMA DE SERGIO BIANCHI (CATÁLOGO DA MOSTRA)
João Luiz Vieira
Cineclube da Feira. ISBN: 9729542171. Português, 168pp., 2004.
O catálogo é, basicamente, composto de duas entrevistas, separadas por dois anos no tempo. A primeira foi realizada, exatamente, no calor das primeiras reações críticas e de público a Cronicamente inviável no seu lançamento no Rio de Janeiro, em junho de 2000. Foi um papo a quatro, entre Bianchi, Ana Pessoa, Ivana Bentes e eu, realizado no apartamento de Ana, em Copacabana. A ideia inicial seria editá-la para publicação na revista Cinemais. Por diversos motivos alheios à nossa vontade, essa entrevista permaneceu inédita até hoje. A segunda entrevista, mais dirigida foi especialmente encomendada pelo Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira para esta publicação e aconteceu durante dois dias, em outubro de 2002, no apartamento de Sérgio Bianchi, no centro de São Paulo. Por motivos editoriais e cuidados com a cronologia, optamos por manter as duas entrevistas em separado, evitando, na medida do possível, algumas repetições temáticas. Entretanto notamos, no processo de transcrição e edição das entrevistas, diferenças de nuance e maior riqueza de informações entre temas semelhantes recorrentes nos dois momentos. Por isso mesmo resolvemos manter o fluxo do discurso ainda que, aqui e ali, haja alguma repetição de conteúdo. Às entrevistas segue-se uma pequena seleção de material crítico importante que ajuda na compreensão e ampliação dos temas discutidos por Bianchi em suas falas e, principalmente em seus filmes. Trata-se de uma fortuna crítica excepcional que nos ajuda a contextualizar um pouco a recepção crítica aos filmes do realizador. (João Luiz Vieira)
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ARTES E MANHAS DA EMBRAFILME – CINEMA ESTATAL BRASILEIRO EM SUA ÉPOCA DE OURO (1977-1981)
Antônio Carlos Tunico Amancio
EDUFF. ISBN: 9788522806348. Português, 179pp., 2000.
A história da pujança da Embrafilme e seus processos de constituição, desenvolvimento e declínio não pode ser perdida. A empresa foi, sem dúvida, um rico laboratório de desejos e de práticas, de articulações e de ousadias, onde se testavam as políticas e os enfrentamentos da classe cinematográfica, constituindo um novo terreno de ação, minado pela ocupação ostensiva do colonizador estrangeiro.
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O BRASIL DOS GRINGOS – IMAGENS NO CINEMA
Antônio Carlos Tunico Amancio
Intertexto. ISBN: 9788587258120. Português, 214pp., 2000.
A maior parte dos trabalhos contemporâneos sobre o clichê e o estereótipo se caracteriza pela urgência de uma militância política que visa desmascará-los enquanto instâncias ideológicas de dominação. Não causa supresa, então, que a produção cinematográfica seja objeto dos mais veementes e profícuas discussões sobre retóricas discursivas, narrativas simbólicas e estatutos de representação, porque o cinema é provavelmente, o terreno onde tais questões são expostas com maior visibilidade e poder de sedução.
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CINEMA NOVO AND BEYOND (CATÁLOGO DA MOSTRA)
João Luiz Vieira, José Carlos Avellar, Jytte Jensen, Ismail Xavier (orgs.)
Museum of Modern Art - MOMA. ISBN: 9788578160661. Inglês, 140pp., 1998.
Despite the recent explosion of scholarly interest in “star studies,” Brazilian film has received comparatively little attention. As this volume demonstrates, however, the richness of Brazilian stardom extends well beyond the ubiquitous Carmen Miranda. Among the studies assembled here are fascinating explorations of figures such as Eliane Lage (the star attraction of São Paulo’s Vera Cruz studios), cult horror movie auteur Coffin Joe, and Lázaro Ramos, the most visible Afro-Brazilian actor today. At the same time, contributors interrogate the inner workings of the star system in Brazil, from the pioneering efforts of silent-era actresses to the recent advent of the non-professional movie star.
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DOCUMENTÁRIO NORDESTINO: MAPEAMENTO, HISTÓRIA E ANÁLISE
Karla Holanda
Annablume/Fapesp. ISBN: 978-85-7419-890-3. Português, 172 pp., 2008.
Pode-se dizer que o ponto forte do trabalho de Karla Holanda está em sua opção por um foco bem recortado, além de inédito. Seja no corte temporal, analisando o período chave da consolidação da ‘retomada’ no campo documentário; seja no corte geográfico, que torna possível uma visão sincrética, mas exemplar, do tipo de cinema que se pretende abordar. A proposta é clara e creio que defensável em todos os pontos de vista (…). Seu trabalho – de modo honesto, restrito e preciso -, envolve uma atividade de pesquisador que salta aos olhos, trazendo contribuição significativa aos estudos de cinema no Brasil, seja pelo conteúdo apresentado, seja pelo método que aplica para obtê-lo. (Fernão Pessoa Ramos)
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FEMININO E PLURAL: MULHERES NO CINEMA BRASILEIRO
Karla Holanda e Marina Cavalcanti Tedesco (orgs.)
Papirus Editora. ISBN: 978-85-449-0265-3. Português, 240pp., 2017.
“Este livro nos mostra uma face oculta, o outro lado da lua no cinema brasileiro, uma história que, por décadas, foi contada na mão única do recorte dominante, deixando de lado a questão de gênero e, particularmente, a dimensão da participação feminina. Não seria a mulher o grande “outro” do cinema brasileiro, já que a questão da alteridade diferencial lhe parece intrínseca e irreconciliável? Certamente não se trata da única cissura, mas sua invisibilidade é escandalosa.
O percurso que extraímos do conjunto de ensaios aqui reunidos é significativo. Levanta de modo frontal não só a presença, mas também o movimento de negação sublimadora da força criativa da mulher no cinema. Mostra que a postura de ignorância não pode mais se sustentar. Reflete a dificuldade de aceitar as especificidades de gênero e o fato de que a própria obliteração do recorte excludente é uma discriminação. Então, quando os portões se abrem e o fundo da sala é clareado, insuspeitas criaturas vêm à tona em atitude de poder, com suas imagens, seus filmes, as diversas facetas diferenciadas, as sensações e percepções próprias. Ao colocarmos o dedo na ferida do gênero, ainda mais dilatada quando atravessada pela questão racial, não é necessário esquecer outros continentes da alteridade, como a questão de classe, que certamente a ele vem agregar-se. Antes dissimuladas, agora políticas de exclusão e preconceito tornam-se evidentes, orientando para um só lado a recepção, ainda que involuntária, da realidade que nos cerca.
O principal mérito do livro é, nesse sentido, evidenciar o reiterado desvio de rota, a banalidade do mal que cerca o “ver ignorando”, a negação ao acesso. É algo que nos permeia como natural, sem que percebamos. São reveladores, nos levantamentos arqueológicos em torno do que sobreviveu, não só o registro, mas a obra que insiste. Resultado da vontade e da pulsão que conseguiu ultrapassar barreira fixando expressão – diferenciada ou não, pouco importa; o que conta é a dimensão de intervenção que o conjunto dos textos propõe, para além de seu movimento de resgate e reavaliação.” (Fernão Ramos)